IRMÃ MÔNICA, OS 100 ANOS DE VIDA E O SEU LEGADO DE AMOR
Margarida Drumond de Assis
A Igreja, hoje, se enche de alegria pela oportunidade da celebração dos 100 anos de vida de Monique Jeanne Marie Joseph Leclerq, nossa querida Irmã Mônica, esta religiosa da Congregação de São Domingos de Gusmão, dominicana francesa – no Brasil desde 1951 – e que, há meio século, está conosco na querida cidade mineira de São Domingos do Prata.
O dia 15 de junho de 2019 ficará nos anais da historia do município, como aquele em que se celebrou o Centenário de Nascimento de alguém que, de fato, ouviu o Chamado de Jesus e, como Maria, disse Sim. Irmã Mônica Leclercq já está em nossa mente e coração, como sendo alguém que, ao sentir-se vocacionado, levou a sério as palavras do Mestre: “Ide a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores” (Mt 28, 19). E o fez, radicalmente, na simplicidade e na humildade, vivendo como o Cristo.
Jesus formou missionários quando ajudou os discípulos a entenderem a missão que cada um tinha de ir mundo afora a propagar o Reino. E, na pessoa do Filho, Deus valorizou o ser humano: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciada a Boa Nova (Mt 11, 5 – 6). Como Ele ensinou e chamou os profetas e discípulos, o seu chamado se estende até nós. E como foi bom que Irmã Mônica tenha escutado a voz do Mestre, porque, ela, grande conhecedora da Palavra de Deus, não tinha, como preocupação principal, interpretar a Bíblia, mas, sim, interpretar a vida com a ajuda da Bíblia.
Esta nossa amada dominicana, que viveu o sofrimento por ocasião das duas grandes guerras; que conheceu de perto pessoas em situação de pobreza; ela que viu as misérias materiais e espirituais de tantos, sentiu crescer sua vocação. Tornou-se, então, apóstola e organizadora de obras sociais. O que sempre lhe importou foi testemunhar Jesus, vivendo com autenticidade e integralmente o Evangelho. Acima de tudo, buscou instruir para permitir que a criança, o adolescente e o jovem encontrassem o seu autoconhecimento e tivessem maior autoestima para, então, se tornarem pessoas independentes, capazes de assumir suas vidas, podendo ajudar as respectivas famílias e até outras pessoas.
Irmã Mônica, durante os 100 anos de sua existência, viveu integralmente o que ensinou o Concílio Vaticano II: um Evangelho inserido na vida do povo. É, portanto, Profeta, portadora e anunciadora da Palavra; Irmã Mônica é a voz de Deus libertador. Por seu Profetismo, muito atuou nos campos das zonas rurais de São Domingos do Prata, ensinando a plantar e levando as pessoas a uma melhor qualidade de vida. Depois desse seu autêntico testemunho – que só pode dar quem entendeu a Palavra – ela passou a trabalhar na cidade, em regiões de difícil acesso e sem condições de vida humana. E, por sua atuação e testemunho de bondade, conseguiu construir tantas moradias com apoio da própria comunidade, em mutirão. E, estando as pessoas já em suas casas, pensou a nossa querida religiosa: como ficarão essas crianças fora do horário escolar… na rua? Então, criou o Sítio São Martinho para onde iam as crianças no contraturno escolar; e,depois, ainda veio o Sítio Santa Rosa de Lima, como ajuda a outras pessoas, inclusive adultos.
Como uma flor bem adubada, tudo foi crescendo e voluntários foram se aproximando: nasceu a FUNDAÇÃO MONIQUE LECLERCQ, essa entidade brilhante que, por anos, vem mostrando quanto é importante “Educar para crescer”. Fato é que os meninos e meninas, que passam pela Fundação, saem de lá homens e mulheres habilitados a assumir a vida de trabalho, uma família. Formam-se cidadãos, pessoa humana para bem viver sua vida e vivê-la em comunidade, solidários.
Esses dados, aqui apontados, são apenas algumas das muitas ações de Irmã Mônica. Ações oriundas da vida de luta e determinação dessa guerreira e bondosa mulher que veio como uma Providência de Deus. Chegou como que para mostrar o caminho para uma vida mais digna e fraterna entre todos. Então, podemos mesmo dizer, conforme lembram os Salmos (119, 105), “Tua Palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho”, pois Irmã Mônica se espelha sempre no próprio ensinamento de Jesus..
Brasília, 15 de junho de 2019.
Margarida Drumond é professora, jornalista e escritora, autora de várias obras, dentre elas, Irmã Mônica, caminho de Providência e Dom Luciano, especial dom de Deus.
Contato:(61) 98607-7680 [email protected] www.margaridadrumond.com
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